“ (...)
O
importante é que a nossa emoção sobreviva
E a
felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo
no fundo é tão singular
É
resistir ao inexorável
O coração
fica insuperável
Na esquina entre as
ruas Rodrigo Silva e São José, no Centro do Rio, encontra-se uma das grandes
joias da região.
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Calçada em volta do Café Gaúcho, ainda com pouco movimento. |
Aberto desde 1935,
quando foi fundado pelo Sr. Francisco Cunha, o Café Gaúcho não é o que se pode
chamar de um bar escondido, pois fica em uma área de grande circulação, visível,
e vive lotado.
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Letreiro interno do Café Gaúcho. |
Em seus 81 anos de
existência, o bar sempre pertenceu à mesma família e, atualmente, quem
administra a casa é o neto do fundador, Valdener, conhecido como Deney. Foi ele
que atendeu o Real no Rio para esta matéria.
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Deney, o simpático responsável pela casa, que nos atendeu. |
O Café Gaúcho funciona
de segunda a quinta-feira das 07 às 21h e, às sextas, até as 22h. É ponto para
aquele cafezinho despertador antes do trabalho e para o choppinho gelado depois
do expediente. A temperatura do chopp, um dos grandes diferenciais da casa, é obtida
graças à serpentina, uma das mais antigas do Rio, resfriada a gelo em barra e
um dos grandes orgulhos de quem trabalha no local.
Entre as comidinhas, os
sanduíches e salgados disputam o gosto do público. O carro-chefe da casa é o
sanduíche de linguiça fina no pão francês com molho, um tipo de cachorro quente
que faz o cliente voltar várias vezes (nossa editora Emília é fã!). As
empadinhas e bolinhos de carne também são sucesso e há os sanduíches com nomes
divertidos, como o Jacaré, tradicional pão com ovo frito, e o Malandrinho,
feito com um bolinho de carne no pão francês.
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Dupla imbatível: sanduíche de linguiça com molho e chopp na temperatura certa. |
Como todo bar aberto há
muitos anos, o Café Gaúcho acumula histórias marcantes e memórias de frequentadores
famosos. Segundo Deney, Luiz Carlos Miele, produtor, ator, apresentador e
diretor falecido em 2015, era presença constante e sua perda recente ainda é
sentida pelos funcionários que se habituaram a atendê-lo por tantos anos.
Outro motivo de orgulho
para a casa é ter servido de cenário para o filme “A dama do lotação” (Neville de
Almeida, 1978), grande sucesso do cinema nacional.
Sem cadeiras para que
os frequentadores se sentem (a casa só tem algumas pequenas mesas de apoio e
seus extensos balcões para apoiar copos e pratos), o Café Gaúcho mostra que,
quando a tradição reforça a qualidade, isso basta para manter seu público fiel
e atrair novos clientes. O intenso movimento chama ainda mais a atenção por um detalhe:
a casa não trabalha com cartões de nenhuma espécie. Em tempos em que até
vendedores ambulantes possuem máquinas para o uso dessa forma de pagamento,
perguntamos a Deney o motivo de a casa ainda não aceitar cartões. Ele diz que
não há nenhum motivo específico, mas que o fato de só aceitar dinheiro acabou
se incorporando à tradição e folclore da casa, e que há clientes mais
animadinhos que já chegam anunciando: “hoje eu vou gastar em espécie!”. Apesar
da tradição, da qual os frequentadores gostam, Deney diz que, em algum momento,
a casa irá se render à modernidade e passará a aceitar pagamentos por via
eletrônica.
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Resistência que tem data para acabar, só não se sabe quando. |
Nosso blog recomenda
imensamente a visita ao Café Gaúcho. Os preços da casa são bons e os produtos
são maravilhosos. Entre sanduíches ou salgados para acompanhar o chopp, pães e
bolos para o café ou os deliciosos doces brancos para levar para casa, fiquem
com todas as opções! De pé, apoiados no balcão ou nas mesinhas, ou na calçada,
sem nenhum apoio além do chão, passem por lá!
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Balcão de salgados (parte) |
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Empadinhas, pães usados nos sanduíches a alguns sanduíches prontos. |
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Doces brancos e coalhada. |
Agradecimentos:
Ao atendente Marcelo,
por seu trabalho impecável e por ter ajudado nossa editora Emília na realização
desta matéria.
Ao responsável pela
casa, Deney, neto do fundador Francisco Cunha, pela forma simpática como nos
atendeu e se dispôs a nos contar mais um pouco sobre seu estabelecimento. Muito
sucesso para todos os que fazem do Café Gaúcho esse lugar tão especial!
Links:
Filme “A dama do
lotação”, que teve locações no Café Gaúcho, em 1978.
Vídeo de um dos últimos
shows com a participação de Luiz Carlos Miele, ilustre frequentador do Café
Gaúcho, com a cantora Leny Andrade, em fevereiro de s2015:
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