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Quem foi que disse que ser Real não é ser feliz?

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Café Gaúcho: a resistência dos sabores

“ (...)
 O importante é que a nossa emoção sobreviva
 E a felicidade amordace essa dor secular
 Pois tudo no fundo é tão singular
 É resistir ao inexorável
 O coração fica insuperável
 E pode em vida imortalizar” (Mordaça, Eduardo Gudin/Paulo César Pinheiro)
Na esquina entre as ruas Rodrigo Silva e São José, no Centro do Rio, encontra-se uma das grandes joias da região.
Calçada em volta do Café Gaúcho, ainda com pouco movimento.

Aberto desde 1935, quando foi fundado pelo Sr. Francisco Cunha, o Café Gaúcho não é o que se pode chamar de um bar escondido, pois fica em uma área de grande circulação, visível, e vive lotado.
Letreiro interno do Café Gaúcho.

Em seus 81 anos de existência, o bar sempre pertenceu à mesma família e, atualmente, quem administra a casa é o neto do fundador, Valdener, conhecido como Deney. Foi ele que atendeu o Real no Rio para esta matéria.
Deney, o simpático responsável pela casa, que nos atendeu.

O Café Gaúcho funciona de segunda a quinta-feira das 07 às 21h e, às sextas, até as 22h. É ponto para aquele cafezinho despertador antes do trabalho e para o choppinho gelado depois do expediente. A temperatura do chopp, um dos grandes diferenciais da casa, é obtida graças à serpentina, uma das mais antigas do Rio, resfriada a gelo em barra e um dos grandes orgulhos de quem trabalha no local.
Entre as comidinhas, os sanduíches e salgados disputam o gosto do público. O carro-chefe da casa é o sanduíche de linguiça fina no pão francês com molho, um tipo de cachorro quente que faz o cliente voltar várias vezes (nossa editora Emília é fã!). As empadinhas e bolinhos de carne também são sucesso e há os sanduíches com nomes divertidos, como o Jacaré, tradicional pão com ovo frito, e o Malandrinho, feito com um bolinho de carne no pão francês.
Dupla imbatível: sanduíche de linguiça com molho e chopp na temperatura certa.

Como todo bar aberto há muitos anos, o Café Gaúcho acumula histórias marcantes e memórias de frequentadores famosos. Segundo Deney, Luiz Carlos Miele, produtor, ator, apresentador e diretor falecido em 2015, era presença constante e sua perda recente ainda é sentida pelos funcionários que se habituaram a atendê-lo por tantos anos.
Outro motivo de orgulho para a casa é ter servido de cenário para o filme “A dama do lotação” (Neville de Almeida, 1978), grande sucesso do cinema nacional.
Sem cadeiras para que os frequentadores se sentem (a casa só tem algumas pequenas mesas de apoio e seus extensos balcões para apoiar copos e pratos), o Café Gaúcho mostra que, quando a tradição reforça a qualidade, isso basta para manter seu público fiel e atrair novos clientes. O intenso movimento chama ainda mais a atenção por um detalhe: a casa não trabalha com cartões de nenhuma espécie. Em tempos em que até vendedores ambulantes possuem máquinas para o uso dessa forma de pagamento, perguntamos a Deney o motivo de a casa ainda não aceitar cartões. Ele diz que não há nenhum motivo específico, mas que o fato de só aceitar dinheiro acabou se incorporando à tradição e folclore da casa, e que há clientes mais animadinhos que já chegam anunciando: “hoje eu vou gastar em espécie!”. Apesar da tradição, da qual os frequentadores gostam, Deney diz que, em algum momento, a casa irá se render à modernidade e passará a aceitar pagamentos por via eletrônica.
Resistência que tem data para acabar, só não se sabe quando.

Nosso blog recomenda imensamente a visita ao Café Gaúcho. Os preços da casa são bons e os produtos são maravilhosos. Entre sanduíches ou salgados para acompanhar o chopp, pães e bolos para o café ou os deliciosos doces brancos para levar para casa, fiquem com todas as opções! De pé, apoiados no balcão ou nas mesinhas, ou na calçada, sem nenhum apoio além do chão, passem por lá!
Balcão de salgados (parte)
Empadinhas, pães usados nos sanduíches a alguns sanduíches prontos.
Doces brancos e coalhada.
A casa não abre nos fins de semana, segundo os funcionários, porque a falta de segurança na região faz com que a atividade seja inviável. Lamentavelmente, sabemos que eles não estão mentindo, mas, de segunda a sexta, naquela esquina, encontramos grandes motivos para amar essa cidade e viver a plenitude de ser Real no Rio!

Agradecimentos:
Ao atendente Marcelo, por seu trabalho impecável e por ter ajudado nossa editora Emília na realização desta matéria.
Ao responsável pela casa, Deney, neto do fundador Francisco Cunha, pela forma simpática como nos atendeu e se dispôs a nos contar mais um pouco sobre seu estabelecimento. Muito sucesso para todos os que fazem do Café Gaúcho esse lugar tão especial!

Links:
Filme “A dama do lotação”, que teve locações no Café Gaúcho, em 1978.
Vídeo de um dos últimos shows com a participação de Luiz Carlos Miele, ilustre frequentador do Café Gaúcho, com a cantora Leny Andrade, em fevereiro de s2015:



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