“Pode
ser que meu sonho seja assim
Te
dizer quase tudo que você é pra mim
O
que quero, o que espero
Sonho
em te ver aqui
Sem
rodeio solto os freios
Canto
o amor por ti
(...)”
(Meu
Sonho, Os Paralamas do Sucesso)
O número 197 da Rua
Maria Angélica, no Jardim Botânico, guarda uma das grandes joias da região. O
Bar Rebouças, que funciona desde 1957 no mesmo endereço, segue a linha do bom e
velho pé sujo, barzinho dos mais simples, daqueles que só têm um único banheiro e onde os mais conservadores se
recusam a entrar. Não sabem eles o que estão perdendo...
Frequentado por
público bem eclético, o estabelecimento, que abre as portas de segunda a sábado
a partir das 7 da manhã, é reduto de agitação cultural, frequentado pela turma
do cinema, música, teatro e TV. Escritores, bailarinos, jornalistas e afins se
esbarram por suas mesinhas de madeira abertas na calçada, e alguns nomes
famosos são frequentes no local.
Noite de grande movimento. Mesas na calçada. (Foto: Luiz Bettencourt) |
O dono, Sr. Alberto,
português radicado no Brasil há 58 anos, assumiu o bar em 1983, nos atendeu
para contar um pouco mais sobre a história da casa para o Real no Rio. Lá,
junto ao simpático garçom Jorginho, acumula casos felizes e marcantes. Namoros
que começaram nas mesas do Rebouças, se tornaram casamentos e geraram filhos
que hoje integram a nova geração de frequentadores; comemorações de
aniversários que já animaram as noites em dias de semana; parcerias artísticas
e grandes ideias nascidas no local; essas e tantas outras histórias, lembradas
por quem comanda o bar, mostram por que quem vai ao Rebouças não deixa de
voltar.
Sr. Alberto, português que comanda a casa desde 1983. (Foto: Luiz Bettencourt) |
Uma das histórias
mais marcantes relatadas por Jorginho foi a comemoração das filmagens de “Amarelo
Manga”, do diretor Cláudio Assis, em 2002, quando toda a equipe do filme se
reuniu no Rebouças. O filme, longamente premiado nacional e internacionalmente,
tem lugar especial na memória de quem gosta de cinema e sempre encontra bom
papo sobre o tema na casa.
Além das grandes
histórias, das muitas presenças ilustres frequentes e da simpatia de quem nos
atende, o Rebouças tem outros elementos capazes de fidelizar seu público na
parte de comes e bebes.
Cachaças, vinhos e o prato que marcou a participação do bar nos 10 anos do Comida di Buteco. (Foto: Luiz Bettencourt) |
O fotógrafo Luiz
Bettencourt, responsável pelos registros dessa matéria, costuma dizer que, quando
queremos descobrir quão bom é um botequim, devemos olhar para as prateleiras.
Nas do Rebouças encontramos bons whiskies, cervejas importadas, seleção de
cachaças premiadas e vinhos de rótulos selecionados. Os salgadinhos da casa
também deixam o público com vontade de voltar. São empadas, risoles, quibes e
vários tipos de bolinhos, tudo muito delicioso.
Bolinhos de bacalhau, delícias entre os salgados do cardápio. (Foto: Luiz Bettencourt) |
Nos dias de semana a
casa serve almoço das 11 às 15 horas. No cardápio, servido no formato prato
feito (PF), têm destaque o contrafilé ou bife à milanesa com fritas, linguiça
com ovo, costela bovina com batata e agrião, pernil à mineira, filé de peixe ao
molho de camarão e rabada com batata e agrião, todos sempre acompanhados por
arroz e feijão. Aos sábados, ganha destaque o caldo verde, já experimentado e
aprovadíssimo pela autora desse blog.
Por conta do intenso
movimento de blocos carnavalescos na região, o bar tem um recesso fixo no
início do ano: fecha duas semanas antes do Carnaval e reabre uma semana depois.
É um mês de férias, quando os responsáveis pela casa repõem suas energias e os
frequentadores ficam aguardando, com saudade, a reabertura.
Whiskies e cervejas importadas. (Foto: Luiz Bettencourt) |
Durante o resto do
ano, o local fica aberto para quem deixa o preconceito em casa e chega disposto
a dividir a mesa com desconhecidos nas noites de grande lotação (e
possivelmente sair dali com novos amigos de infância!), bater papos cabeça ou
simplesmente jogar conversa fora, comer e beber bem, rir bastante e, com sorte,
ouvir cantorias divertidas vindo das mesas e acabar participando delas, de
perto ou de longe.
Cerveja no balcão e interação nas mesas na calçada. (Foto: Luiz Bettencourt) |
Reduto alternativo e criativo do Jardim Botânico, o Rebouças, na sua simplicidade e no seu requinte, é a cara do Real no Rio!
Quadro negro e o lado de dentro do balcão. (Foto: Luiz Bettencourt) |
Extras:
Para quem quiser assistir, o filme Amarelo Manga, citado na matéria, está disponível no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=MqLpNEveAnI
Som de primeira, show dos Paralamas do Sucesso, cujos integrantes Bi Ribeiro e João Barone são assíduos no Rebouças: https://www.youtube.com/watch?v=qbost5nvAnc&spfreload=10
Agradecimentos:
À equipe do Bar Rebouças, em especial ao Sr. Alberto e ao Jorginho, pelo bom atendimento de sempre e pelo entusiasmo com que acolheram a ideia dessa matéria.
À turma do Rebouças: André, Márcio, Guilherme (atualmente morando em SP) e todos os multiplicadores das ramificações de vida estabelecidas naquelas mesas.
Ao fotógrafo Luiz Bettencourt, pela extensão de nossa longa parceria até esse blog, pela cobertura fotográfica e pelo apoio à ideia desde o início. E por ter me apresentado o Rebouças, onde nossas noites são felizes, nossos risos são fartos e nossa união é mais estreita!
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