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Quem foi que disse que ser Real não é ser feliz?

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Vamos sumir para o Rio da Prata?

“Vem, anda comigo, pelo planeta, vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro, vamos sumir!
(...)
Não importa  que os vikings queimem as fábricas do Cone Sul
virem barris de bebidas no Rio da Prata...
(...)” (Loucos de Cara, Vitor Ramil/Kleiton Ramil)


O imenso bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, é subdividido em regiões da maior pluralidade, desde áreas industriais até recantos rurais tão preservados que custamos a acreditar que estamos na mesma cidade.
Próximo a uma dessas regiões rurais encontra-se a localidade conhecida como Rio da Prata. Aos pés da Serra da Pedra Branca, o sub-bairro é acessado pela Estrada do Cabuçu, que parte do centro de Campo Grande, na altura da Rua Arthur Rios.
No caminho até lá, observamos os contrastes se moldando diante dos nossos olhos. Pequenas são as distâncias que separam áreas urbanizadas e densamente povoadas; de sítios grandes e pequenos; além de condomínios dos mais variados padrões, inclusive alguns luxuosos.
Quando chegamos ao nosso destino, encontramos a placa que indica o início da urbanização do local na forma como hoje se apresenta: uma placa marca a pavimentação da Estrada do Viegas, obra entregue em 1974, durante o governo Chagas Freitas. Essa estrada liga o Rio da Prata a outra região de Campo Grande conhecida como Lameirão, onde existe uma estação elevatória da Cedae.
Placa de inauguração da pavimentação da Estrada do Viegas.
A região se desenvolveu em torno de um largo, que funciona como uma espécie de praça central para onde converge todo o movimento, como em pequenas localidades pelos interiores do país. À volta do largo há bares, restaurantes, pizzarias, dois mercados, loja de materiais de construção, padaria (que tem Banco 24h), açougue, loja de ração, casas de festas e a Capela Nossa Senhora das Dores, um charmoso templo católico que tivemos o privilégio de visitar.
Fomos até lá em um fim de tarde chuvoso, interessados em conhecer mais sobre o local e sobre o polo gastronômico, e nossa primeira parada foi na entrada do Caminho do Morro dos Caboclos.
Bica, coreto (ao fundo) e placa de indicação do logradouro.


Em imóvel de 1928 está o bar Sardinha com Pimenta, que também tem uma parte dedicada aos espetinhos. Foi com os funcionários dessa parte, três simpáticos churrasqueiros, que tivemos nossa primeira conversa da visita. Eles nos lembraram da importância agrícola da região, onde há produção de frutas, legumes e verduras vendidos em feiras por toda a cidade, e da ascensão do local como atrativo noturno e polo gastronômico. Perguntados sobre a segurança no local, informaram que ainda é uma região tranquila, sem problemas com roubos, assaltos e outras ocorrências.

Bar Sardinha com Pimenta, em imóvel de 1928.


Recuperados pela Prefeitura em 2012, o coreto e a bica ajudam ainda mais a dar ao local o ar de cidade do interior. Havia algumas pessoas reunidas no coreto, o que nos impediu de fazer registros mais próximos. Sobre a bica, apesar da triste substituição da torneira de metal por uma de plástico, sua bacia com arte em ferro fundido e azulejos destaca-se pela beleza.

Coreto e Bica do Rio da Prata.


Placa da entrega da obra de recuperação do coreto e da Bica do Rio da Prata, 2012.


A bica do Rio da Prata.

Antes da visita aos bares, encontramos um grupo de adolescentes nas escadas da Capela Nossa Senhora das Dores e perguntamos se podíamos entrar para fotografar, ao que obtivemos resposta positiva. O grande destaque da igreja são as pinturas no teto abobadado, retratando cenas bíblicas.

Capela Nossa Senhora das Dores.

Destaque das pinturas no teto.

Um dos quadros no teto da igreja.

As opções gastronômicas do local são muitas. No largo, há o já citado Sardinha com Pimenta, cuja especialidade está no próprio nome, além dos espetinhos variados. Próximo à entrada da Estrada do Viegas está a Churrascaria e Pizzaria Chumbinho, que faz pizza na lenha; e um bar mais simples, sem placa estampando o nome, logo ao lado.
Churrascaria e Pizzaria Chumbinho.

Na direção do Caminho do Morro dos Caboclos há um pequeno bar, meio escondido, cuja dona diz se chamar Bar da Lourdes, onde a variedade de tipos e rótulos de bebidas é bem grande e a decoração antiga em madeira chama bastante a atenção.
Estante de bebidas no Bar da Lourdes.

Licores e outras bebidas no Bar da Lourdes.

Mas os bares que concentram maior público, até pelo tamanho e pela quantidade de mesas no meio do largo, são o Empório do Chumbinho, restaurante especializado em frutos do mar, mas com outras opções igualmente saborosas; e o Rosso Gourmet, que fica ao lado.
Empório do Chumbinho.

Rosso Gourmet.

Ainda no largo existe a boate Kaliffa Carioca, em espaço que já funcionou como bar e restaurante em anos anteriores, mas que atualmente funciona exclusivamente como casa noturna.
Espaço da boate Kaliffa Carioca.

Fora do largo, na Estrada do Cabuçu, há outros bares, como o Barril 8000, da rede já conhecida em outros bairros da cidade; o Corrupto’s, que tem música ao vivo; e outros menores e com menos estrutura.
Nossa visita terminou no Empório do Chumbinho, onde a simpática equipe de atendimento nos recebeu com muita atenção e delicadeza. Lá, enquanto nossa editora Emília provava o pastel de palmito muito bem recheado e um caldo verde que fechou com chave de ouro a visita naquele início de noite em que a temperatura local era menor que 20 graus, uma cena local atraiu bastante nossa curiosidade.
Emília e o caldo verde do Empório do Chumbinho.

Um senhor distinto, bem vestido, mas indicando ser do local, chegou e pediu whisky 12 anos. Pela interação com as atendentes, pareceu se tratar de um frequentador assíduo da casa. Logo em seguida, outro senhor igualmente bem arrumado sentou-se junto a ele e pediu chopp na caneca zero grau. Enquanto eles conversavam, chegou um terceiro amigo, no mesmo estilo dos dois primeiros, com uma caneca de louça daquelas antigas, usadas na decoração das casas de muitos dos nossos familiares mais idosos, onde foi servida sua bebida, que não vimos qual era. Logo percebemos que os três haviam se reunido para assistir ao jogo de futebol que era transmitido por algum canal por assinatura naquele momento, e que deveriam ser moradores dos sítios ou condomínios pelos quais passamos a caminho.
Nessa região de clima ameno, cavalos e carros em harmonia pela rua e onde se pode andar tranquilamente com o celular na mão, encontramos um ritmo mais leve, simpatia e boas opções de comidas e bebidas. O nome Rio da Prata, de acordo com o historiador André Mansur, é devido às águas cristalinas da região.
Na serra, há relatos de uma comunidade agrícola que vive isolada, inclusive sem energia elétrica. Do largo, vimos algumas casas erigidas nos morros, algumas já bem grandes e com iluminação própria.
Em dias de sol, trilheiros sobem pelo caminho à direita da igreja e entram na mata atrás das cachoeiras, cujo acesso pode ser feito de carro até bem próximo das quedas d’água. Para nós, que fomos já no fim do dia, e com chuva, restou apenas a torneira da bica para nos lembrar que, apesar tão próximo da região central do bairro de Campo Grande, esse é um lugar para qual vale a pena ir quando quisermos “sumir” do estresse do dia a dia!

Água da bica, que vem da fonte e corre brilhante parecendo prata!

Agradecimentos: aos profissionais do comércio local, que nos atenderam de forma tão solícita.
Links:
http://oglobo.globo.com/rio/o-sertao-carioca-17660130 - Matéria sobre a comunidade rural isolada que existe na região. Publicada em 04/10/2015
http://blogs.odia.ig.com.br/rio-450-anos/lugares-do-rio/rio-da-prata-entre-a-natureza-e-a-boemia - Especial do jornal O Dia para os 450 anos do Rio de Janeiro. Publicado em 27/11/2014
https://www.youtube.com/watch?v=l_Hm6GzVadY – Vídeo de um grupo amador de trilheiros na Cachoeira do Rio da Prata. 2009.








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